Posted by : Zyky Dec 10, 2012

Começando com o Pé Direito



Passados alguns dias, Richard se sentia bem melhor, “Aquela pomada realmente funcionou.” dizia a si mesmo enquanto arrumava suas coisas para finalmente partir. Em meio à bagunça, porém, achou algo que esqueceu que tinha: um grande e velho livro, com escritas em dourado na capa, o que o fez se lembrar de como tinha começado toda essa aventura. “A verdade por trás do mito?”. Então, muito curioso, sentou-se e abriu o livro, folhando suas primeiras páginas.

Ali, de uma forma difícil de entender, contava a teoria do provável início de Oblivia, suas ilhas e guardiões. Pulando algumas páginas, era mencionada uma enorme catástrofe, que foi evitada por pouco por pessoas especialmente escolhidas pelos guardiões sagrados, “Rainbow Festival..” pensou ele. Impaciente por não conseguir entender o que estava escrito, virou dezenas de páginas, parando em uma e vendo algo que o surpreendeu: nela, desenhado de uma forma bem rústica, estava o símbolo do pingente do colar que sua mãe lhe dera há vários anos. 



Tentando entender o que aquilo poderia dizer, Ellie entra no quarto, tirando-lhe a atenção.

- Você já está pronto? – perguntou, até ver o livro – O que é isso?

- Pelo que parece é um livro. – ironizou.

- Isso eu sei... Mas esse livro foi o que você pegou na cada do Rand, não foi?

- E se for? – retrucou fechando o livro e guardando-o.

- O certo é devolvê-lo!

- Não posso, ainda.

- Por quê?

- Tem algumas coisas aqui muito estranhas, e eu quero descobrir o que é.

Ao ouvir algo estranho, ele se vira e vê a garota parecendo segurar o riso, até que ela não aguentou mais. Encarando-a, levantou-se e pegou sua mochila, jogando a bolsa dela, que ria baixo, e saiu do quarto.

- Muito amiga você... – ironizou.

- Desculpe, mas eu não resisti... te ver estudando era a última coisa que passaria na minha mente.

O garoto ainda estava desconfiado em relação à “visitante” de algumas noites atrás, mas resolveu guardar isso para si, por enquanto, como uma carta na manga. Os dois desceram as escadas da casa qual conheciam muito bem agora: no térreo funcionava a marcenaria, onde Booker trabalhava, com o auxílio de Nick.

- Ei, Booker, nós já vamos! – gritou Richard.

- Mas já? Ainda é de manhã. – respondeu o senhor, vindo dos fundos do lugar.

- Por isso mesmo, assim aproveitamos o dia inteiro para caminhar.

- Mas para onde vocês vão?

- Para Tilt Villge, em Mitonga Island – dizia Ellie – já que os Pinchers foram voando de Dolce Island para aquela direção.

- Ainda acho que vocês deveriam deixar isso com os Rangers. – insistia.

- Ah, qual é, não vamos voltar a discutir sobre isso, vamos? – falou o garoto.

- Não, não vou impedi-lo Richard, mas me preocupo com você, então tente tomar cuidado, pelo menos uma vez... aliás, vocês dois! – brincou.

- Pode deixar, velho, sei me cuidar.

- Mais uma vez, muito obrigada, Booker – agradecia ela – você me ajudou mais do que imagina... queria poder retribuir.

- Imagine, não é necessário. Nick, venha se despedir! – chamou.

Nick apareceu cabisbaixo, com Lele nos ombros, parecendo muito triste

- Vocês tem que ir mesmo?

- Ih, lá vem! – retrucava o garoto sem paciência.

- O que foi Nick? – perguntou a garota.

- É que vocês vão embora, e eu vou voltar a ficar sozinho de novo, não vou ter mais ninguém para brincar...

- Calma, não vamos embora para sempre.

- Mas quando vão voltar de novo?

- Isso eu não sei dizer, mas prometo voltar; vou sentir saudades de você. – sorriu.

- Tá, mas, antes de irem, vocês podem fazer um favorzinho para mim?

- O que quiser...

- Sério? É que, sabe, eu precisava ir para o centro da cidade, buscar algumas coisas... e vocês podem aproveitar e comprar o que falta.

- Mas nós já... – porém o protesto do garoto foi imediatamente interrompido por Ellie.

- Mas é claro que nós vamos, não é mesmo, Rick? – perguntou encarando-o.

- Tá, claro, claro, não adianta eu falar nada mesmo...

*****

O centro de Cocona Village não era longe, muito menos grande, mas ainda sim o maior centro comercial de Renbow Island, ainda mais por esta ser sua maior cidade. As casas eram simples, algumas de aparência coloniais, uma loja aqui, outra ali, nada de mais, só que o que o que mais chamava a atenção era em sua área central: um palco grande, feito da mais resistente madeira, com um belo arco-íris pintado em seu centro; aquele era o palco de um dos mais famosos e tradicionais eventos de Oblivia, o Rainbow Festival.


Richard, Nick e Ellie caminhavam por meio as ruas, que já estavam com seu movimento costumeiro: cheias, principalmente de turistas. Para os garotos, era só mais um dia normal, mas Ellie observava cada casa, cada detalhe com muita atenção, fascinada com tudo, principalmente com o enorme palco na área central.

- Você nunca veio em Cocona, Ellie? – perguntou Richard ao ver seu fascínio.

- Poucas vezes, mas faz muitos anos, e raramente vinha ao centro da cidade. – dizia abraçada a Fabí.

- É que aqui foi reformado, mudou bastante... Espera, então você não conhece nossa história? – perguntou Nick curioso.

- Er, na verdade, pouco, não lembro de muita coisa... – dizia meio acanhada.

- Gostaria que eu contasse? – perguntou um menino, que apareceu repentinamente atrás deles; ele tinha cabelos esverdeados, assim como seus olhos, e vestia-se diferente dos outros meninos da cidade, com um ar mais sofisticado.


- Mas de onde você saiu moleque? – perguntou o garoto assustado.

- Vocês o conhecem?

- Sim, ele é o Ralph, meu amigo e neto do Mestre.

- Neto do Booker?

- Sim sim, acho que só por isso que me conhecem nessa cidade, mas muito prazer, e quem seria a senhorita? O vovô falou que tinha hóspedes, mas nunca a vi por aqui.

- Meu nome é Ellie, muito prazer. – sorriu.

- E como vai o mais forte e famoso treinador da ilha, Richard Ferysen?

- Ah, vai começar! – reclamava ele, jogando a cabeça para trás – Não fica enchendo o saco não Ralph, parece o velho no meu pé, e você sabe muito bem que não sou um treinador, nem tem como eu ser porque Oblivia não faz parte da Comissão das Ligas Pokémon, nem existem ginásios por aqui. Só tenho alguns Pokémon, como muitos por aí...

- Sim, mas os mais fortes, isso ninguém pode negar. – elogiou o menino, que mesmo com a pouca idade, parecia entender muito sobre o assunto.

- Você sabe da história da cidade? – interrompeu Ellie.

- Sim, às vezes ajudo os turistas, servindo como guia... Quer que eu te mostre?

- Se possível.

- Claro que sim, venham comigo.

Ele os guiou para os arredores da cidade, mais precisamente a entrada da Teakwood Forest. Observando com mais cuidado, era possível ver um grande portão de pedra, que parecia estar intocado há décadas, se não séculos, pois a vegetação quase o cobria que por completo.

- Nossa história começa aqui – começou – quando pessoas tentaram dominar a região, há muitos anos atrás. Tudo era o maior caos, e eles queriam ter todo o poder só para eles, capturando e destruindo os guardiões... e eles quase conseguiram.

- Quantos anos você tem mesmo?  - perguntou Richard surpreso com o menino.

- Oras, tenho 13... posso continuar?

- Por favor. – dizia ela, encarando o garoto.

- Ok... Tudo começou quando um dos sábios dos Templos, que ficavam bem aqui nestas ruínas, se rebelou, juntando uma legião de servos e usando os Pokémon para o mal. Celebi, o Lendário Guardião desta floresta, que pode viajar no tempo, viu a destruição que eles causariam se ninguém fizesse nada. – deu uma pausa, mostrando as esculturas e monumentos na entrada da floresta.

- E o que está escrito aqui? – perguntou a garota, apontando para um grande monumento, onde vários símbolos estavam grafados.

- Ninguém sabe, só aqueles que foram escolhidos.

- Quem? – perguntou Lele.

- Ainda preciso me acostumar com você falando, Lele. – riu sem graça, lembrando-se do susto que levara ao descobrir isso na casa de Booker – Venham, ainda tem mais.

Enquanto Ralph conversava com os outros, Richard ficou para trás, observando os símbolos com atenção. Ficou hipnotizado com as gravuras, algo em sua mente lhe falava que ele já conhecia aqueles símbolos, surpreendendo-se ao reconhecer um deles, o qual viu a não muito tempo, dentro daquela mesma floresta. 


Ele aproximou-se com cautela, mas antes de tocar a pedra, alguém lhe chamou:

- Você está ficando para trás. – disse Ellie colocando a mão sobre seu ombro – Está tudo bem?

- Está, eu acho. – responde sem deixar de fitar o símbolo.

Ignorando o olhar preocupado da amiga, tocou o símbolo que tanto lhe chamava a atenção e um rápido e leve cintilar pode ser visto, fazendo com que os dois dessem alguns passos para trás.

- O que foi isso? – perguntou ela assustada.

- E-eu não sei, mas...

- Eeeei, vamos logo! – gritava Nick de longe.

Mesmo ainda estando os dois curiosos e assustados, correram em direção ao menino, que esperava impaciente, ao lado de Lele. Ainda no caminho, Ellie ouviu um grunhido também estranhamente familiar, mas como os meninos não paravam de gritar ignorou o som e continuou a correr.

Ralph os levou novamente ao centro da cidade, mais precisamente ao grande palco que havia ali. Ele apontava para o desenho no meio do palco, explicando a importância dele e do evento que ocorria na cidade.

- Eu já ouvi falar do Rainbow Festival, na verdade, acho que já vim em um ou dois, mas não participava deles, e a cidade sempre estava diferente, por isso não me lembro daqui. – comentou Ellie.

- Grande coisa, tem todo ano. Nasci aqui e nunca gostei muito do festival, é sempre uma bagunça, a cidade fica cheia demais e nunca tem nada de novo.

- Vem com essa, sei que você participa do Torneio de Batalhas todo ano, já te vi batalhando em um dos campeonatos.

- S-sério? – dizia surpreso.

- Sim, e você até batalha bem... de uma forma meio estranha e... rude demais, mas muito bem. – respondeu com um sorriso.

- Obrigado... – agradeceu se jeito, com uma das mãos atrás da cabeça.

- O Rainbow Festival é um grande evento, sempre trás muitos turistas, mas poucos sabem da lenda por trás dessa festa.

Ellie ficava cada vez mais fascinada e curiosa, Lele ouvia tudo com atenção, adorava contos e lendas, até Richard ficou curioso com a história, mesmo já a conhecendo quase de cor. Moradores e turistas que estavam por perto se aproximaram do menino, que parecia lidar muito bem com multidões, subindo em uma grande pedra:

- O festival é para celebrar a derrota do mal, que aconteceu há muitos séculos atrás... por isso sempre tem uma prova, que é a atração principal do evento.

- Pensei que a atração principal era a Competição de Batalha Pokémon. – dizia o garoto.

- Começou a ser há alguns anos atrás, já que alguém vem ganhando todo ano – falou e viu que Richard virou o rosto contrariado, mas mostrava-se incomodado com a multidão – mas ainda sim a principal atração é a prova, ou gincana, que retrata o que mais ou menos aconteceu naquela batalha. Voltando: o sábio corrompido usou o poder de alguns guardiões para dar vida a uma arma extremamente destrutiva, que eliminava tudo em seu caminho. Os Guardiões Sagrados não podiam fazer nada, pois era a própria escolha dos humanos em destruírem a si mesmos, mas com medo que acabassem sendo afetados com isso, escolheram pessoas que poderiam se comunicar com os Pokémon.

- Eles eram Rangers? – perguntou um rapaz.

- Ninguém sabe dizer, mas quando juntavam seus poderes com o dos Pokémon, principalmente com o dos guardiões, ficavam incrivelmente fortes, tinham controle sobre tudo!

- Se eles eram tão fortes, poderiam destruir tudo se quisessem! – gritou um homem.

- Não, pois os Guardiões escolhiam crianças de coração puro, que cresceriam aprendendo a fazer o bem. Voltando á história, os escolhidos, com esse poder, usaram o Rainbow Grail, que continha o poder do Guardião Sagrado Ho-oh, derrotando assim àqueles que queriam destruir a si mesmos.

- Eu já ouvi falar dessa lenda várias vezes – dizia uma mulher – só que ninguém vê esses escolhidos há décadas, isso não passa de uma história para crianças!

- Graças aos escolhidos, a região se mantém em equilíbrio – explicava visivelmente bravo – e dizem que esse poder passa de geração em geração. Só eles podem decifrar os símbolos nos monumentos que existem em toda a região, que foram deixados pelos próprios guardiões para que nós não repetíssemos o mesmo erro de eras atrás. E, além do mais, se for para falar quem é um dos escolhidos, existiriam vários por aí. Agora eu posso terminar? – ironizou, puxando alguns risos da multidão.

- Isso aí, garoto, continue! – gritava um casal de turistas.

- E esse é o verdadeiro motivo do Rainbow Festival, ele comemora a vitória sobre o mal e a gratidão pelos escolhidos e pelos Lendários Guardiões, que ajudaram a nos trazer paz durante séculos.

O menino contava a lenda de forma esplêndida, cativante, deixando todos com a atenção presa até o fim, aplaudindo-o com alegria. Ele agradeceu com pouco sem graça, vendo a multidão se dispersar.

- Essa foi a história mais incrível que eu já ouvi! – sorria ela.

- Tenho que admitir, você conta essa lenda muito bem. – falou Richard.

- Concordo, e eu adoro histórias! – disse o Pokémon.

- Não foi nada... – dizia sem jeito.

Em meio ao resto de euforia, sem que nenhum deles percebesse, um grande homem aproximou-se do garoto, colocando a mão sobre seu ombro, que virou surpreso.

- Olá, Richard, há quanto tempo, não? – dizia cordialmente.

- Arley?!

Todos ali pararam e observaram aquele que atendia por Arley: ele era grande, com cabelos pouco compridos. Tinha uma expressão cansada, o que era reforçado por seus cabelos, pouco compridos, mas não parecia ser tão velho. Vestia roupas coloridas, cheias de detalhes, e ostentava um ar autoritário e respeitável graças a uma grande cicatriz que cortava quase todo seu rosto.


- Veja só o que o destino me reservou hoje. Como vai, garoto? Não te vejo desde que saiu do orfanato.

- Eu... vou indo. – dizia indiferente, meio receoso, sentindo Lele se esconder em suas costas.

- Olá, tio Arley! – cumprimentavam Nick e Ralph em coro.

- Quem é ele, Rick? – perguntava Ellie, observando o homem com cautela.

- Esse é o Arley; ia de vez em quando lá no orfanato onde morei, ficava contando histórias para as crianças de quando era um lutador...

- Prazer, e qual seria o seu nome? – perguntou ele educadamente.

- M-meu nome? – hesitou – É... Ellie.

- Hum, Ellie, esse nome não me é estranho. Já nos vimos em algum lugar?

O olhar da garota agora era de surpresa, seu receio havia se transformado em temor; não confiava em quase ninguém, e havendo a possibilidade de alguém a reconhecer colocava tudo o que planejara em risco. Disfarçando, ela desviou o olhar, dando uns passos para perto de Richard, que falava algo aos dois meninos. Olhando ao redor, procurando uma saída, vê algo que a fez arrepiar-se: Pinchers! Eles andavam calmamente, sem chamarem muita atenção, vasculhando a área, sendo que dois rostos lhe eram conhecidos.

- Rick, olha aquilo. – sussurrou ao ouvido dele que estranhou tanta aproximação.

- São Pinchers! – disse prestando atenção em quem estava ao seu redor – E aqueles são... Lucas e Amanda! Mas eles não foram presos?

- Agora não importa, precisamos dar o fora daqui!

- O que houve garotos? – perguntou Arley desconfiado.

- Nada, é que... precisamos ir.

- Haha, claro, entendi, lembro-me de quando tinha essa idade, a boa época dos namoros... os dois sempre querendo ficar sozinhos. – dizia rindo.

- O que?! – gritaram juntos.

- Ele não é meu namorado! – dizia ela com o rosto muito corado.

- N-não mesmo, nós somos só a-amigos... – gaguejava ele, visivelmente sem graça.

- Oh, é mesmo? Me desculpem o engano, é que parecia.... Mas você, Richard, cresceu e não mudou nada, ainda fica gaguejando quando está nervoso.

- Será que dá pra parar de pegar no meu pé? – disse bravo.

Os dois se distanciaram um pouco, sem graça. Se entreolharam rapidamente, mas desviaram o olhar logo em seguida, virando os rostos ainda corados. Com isso, Richard percebeu que alguns Pinchers os observavam, principalmente Lucas e Amanda, fazendo-o sentir um calafrio.

- Arley, nós vamos indo, temos que... levar o Nick no mercado. – disse rápido, puxando o menino.

- An, está tudo bem?

- Tudo ótimo, mas estamos com um pouco de pressa. – disse Ellie empurrando os garotos, encarando-os – Vamos?

Sem dar voz ao homem, eles começaram a andar rapidamente para uma rua paralela ao local, deixando Arley sozinho, que baixou a cabeça, fazendo um sinal negativo e com um sorriso no canto da boca.

Os quatro andavam rápidos por entre as pessoas. Os meninos ainda estavam confusos, só que os dois sabiam o perigo que aqueles olhares representavam.

- Será que eles nos reconheceram? – perguntou ele.

- Não sei, mas quanto mais longe estivermos daqui melhor! – respondeu ela receosa.

- O que houve tio? – perguntou Nick.

- Nada, nada...

- Será mesmo? – disse alguém por de trás deles.

Os dois pararam estáticos, virando-se devagar, temendo que o que imaginavam fosse verdade, e era: Lucas e Amanda estavam atrás deles, encarando-os raivosos. Os Pichu’s faiscavam por suas bochechas, cientes do perigo, mas os garotos os seguravam.

- Olhe só, Amanda, o que nós encontramos por aqui.

- Acho que chegou a hora de vocês pagarem o que nos devem!

- Não me lembro de ter feito trato com criminosos. – provocava Ellie.

- É melhor você dobrar a língua, mocinha. – dizia Lucas irritado.

- E quem você pensa que é para falar com ela assim? – gritava Richard.

- Ah, que lindinho, ele está protegendo a garotinha insolente. – ironizava Amanda.

- Cale a boca, Amanda! – bravejou – Então, continuando, simplesmente sou quem vai fazer você pagar pelo que nos fez... tem noção de como foi difícil fugir da prisão? E a bronca que ouvimos de nossos superiores?

- Não tenho culpa se vocês são incompetentes!

- Se eu fosse você, dobraria essa língua também. – provocou o homem, chamando vários outros Pinchers.

Os dois se entreolharam surpresos, enquanto os meninos os agarravam com medo. “E agora, o que vamos fazer?” pensou Richard, porém a garota raciocinou mais rápido, puxando os três e correndo desenfreadamente pelo centro da cidade, sendo seguidos por vários soldados.

Por mais que fugissem, os Pinchers os perseguiam, então eles começaram a pensar em um lugar para se esconder.

- Mas onde? – perguntava ela.

- Ei, eu tive uma ideia! – gritou Ralph, puxando-os.

Ele os levou até uma pequena loja, se escondendo atrás de um balcão e fechando a porta logo em seguida. Os homens passaram, procurando, mas logo foram embora, para o alívio deles.

Após o sufoco, Ellie percebera onde estava: era uma simples loja de roupas, com alguns objetos artesanais feitos na região decorando o local, que era simples, mas bonito. De repente, uma mulher vem correndo dos fundos do lugar, acompanhada de uma menina.


- Quem são eles, mamãe?

- Ei, seus bagunceiros, fora daqui ou eu chamo a polícia! – gritava ela.

A mulher era jovem, de pele morena e cabelos escuros. Vestia um simples e bonito vestido, que era cheio de detalhes coloridos sobre um fundo branco. Já sua filha tinha a pele mais clara, mas o cabelo era igualmente escuro. A menina tentava se aproximar dos intrusos, mas sua mãe a barrava.

- Ei, Lily, senhora Colins, sou eu, o Ralph. – disse saindo do esconderijo.

- Ah, Ralph, é você, que susto! Mas quem são esses?

- São Richard e Ellie, e o Nick a senhora já conhece.

- Olá Nick e Ralph. – cumprimentava a menina.

- O que é que vocês estão fazendo, tem noção do susto que levei? Eu estava almoçando!

- É que... nós estávamos fugindo.

- De quem?

- É uma longa história. – falou Richard – Mas e agora, como vamos andar por aí sem sermos reconhecidos?

- Precisamos ficar diferentes... – sugeriu Elie.

- Aí complica, deixei minha mochila com o Booker. Precisamos de um plano, e bem rápido!

Nick o olhou e em seguida cochichou para Ralph, que também cochichou ao pé do ouvido da mulher, que era chamava de Marta Colins.

- Hum, eu até posso fazer isso, mas não posso sair no prejuízo. – dizia ela.

- Por favor, senhora Colins, eles são meus amigos e estão precisando de ajuda! – explicava Nick.

- É, os outros caras parecem ser perigosos... e depois ajudamos a acertar tudo. – completava Ralph.

- O que é que vocês estão falando? – perguntava a garota um tanto curiosa.

A mulher então fitou a Richard e Ellie, que estavam sentados no chão, ainda ofegantes, medindo-os dos pés a cabeça.

- Tenho um modelo perfeito para você, querida! – disse sorrindo, puxando a garota.

- Vem tio, nós vamos te ajudar!

Sem lhes dar chance de protesto, cada um foi puxado para um lado da loja: Marta e Lily mostravam diversas peças de roupa para a garota, que ainda estava confusa, enquanto Ralph e Nick ajudavam Richard. Em alguns minutos, ele volta totalmente diferente, usando calça jeans mais clara, camiseta branca e uma camisa de cor clara por cima.

- Eu mereço, eu mereço... – ironizava, vendo Lele rir em sua frente – E é melhor você parar, se não entra na festa também.

- Tá bom, parei, parei... Seu estraga prazeres.

- Mas onde está Ellie?

- Estou aqui, mas não vou sair! – gritava de longe, escondida.

- Mas por que não, querida? Você está linda! – dizia a mulher aproximando-se do garoto – E seu amigo também. Não vai fazer essa desfeita, vai?

- Mas eu... estou me sentindo ridícula!

- Como ousa falar mal do gosto da minha mãe?! – indignava-se a filha.

- Calma Lily, não é uma questão de mal gosto, e sim de estilo, ela não está acostumada com ele, por isso acha estranho, mas fique sabendo que você está deslumbrante! – redirecionou-se ao fundo da loja.

Então, em passos bem tímidos, sendo acompanhada bem de perto por Fabí, ela começou a se aproximar; se não soubesse que era sua amiga, o garoto não a teria reconhecido: ela vestia uma saia rodada em tons de creme, que lhe ia até os joelhos, uma regata branca com renda, sandálias de corda, algo que era muito visto em turistas, e um chapéu creme, com um delicado laço rosa.

Ela aproximou-se acanhada, entrelaçando os dedos. Richard não conseguira esconder seu olhar admirador; nunca a tinha visto assim e não imaginava que era ela tão linda. A garota, ao perceber o olhar dele, ficou com o rosto mais vermelho do que já estava, desviando o olhar.

- É, eu sei, estou parecendo uma idiota, não estou muito acostumada a usar saia... – disse tentando esconder o rosto por debaixo do chapéu.

- Não! Na v-verdade, você está... linda. – disse sem jeito, ainda estático.

- O-obrigada... – agradeceu surpresa, ficando com o rosto ainda mais vermelho.

- Se vocês quiserem, nós vamos embora. – brincou Nick, recebendo um olhar de fúria do garoto.

- Nós temos que ir, tem muita coisa ainda para fazer. – disfarçou ele.

- Muito obrigado por tudo, senhora Colins. – agradeceu Nick e Ralph.

- Ah, não tem problema, ajudar o ídolo da minha filha foi um prazer, só não se esqueçam de trazer as peças de volta! – disse, vendo Lily correr fascinada em direção ao garoto.

- Me dá um autógrafo? – dizia ela com um brilho no olhar.

*****

Feito isso, Nick, Ralph, Ellie e Richard saíram da pequena loja. Estavam receosos de andar por entre as ruas, mas ninguém ali parecia os reconhecer os garotos, o que os tranquilizava.

- Lele, acho melhor você ficar com o Nick, assim vão nos notar menos. – sugeria a garota.

- Ele fala e carrega um Ukulele azul, isso já não chama muita atenção? – caçoou o garoto, recebendo um arranhão do Pokémon. – Ai, isso dói!

- É, suas palavras também, deveria saber usá-las melhor! – falou emburrado, indo até o menino.

- Nossa, mas eu disse brincando...

- Ele sabe disso, mas você não sabe medir as consequências de suas palavras, e isso pode ser algo muito ruim. – disse encarando-o e soltando sua Pichu no chão, que correu para longe.

- Para onde é que ela foi?

- Se esconder, vai voltar quando achar seguro.

- Não é mais fácil colocá-la na pokéball?

- Ela não tem uma, como vou fazer isso? – disse indiferente, percebendo o olhar surpreso do garoto – O que foi?

- Então aquela Pichu não é sua, ela não tem dono?

- Para um Pokémon ser seu, ele não precisa necessariamente estar dentro de uma pokéball, e a Fabí não é só mais um Pokémon para mim, é tudo o que tenho. – disse com um leve sorriso – Desde que me conheço por gente essa Pichu está do meu lado, e nunca precisei de pokéball nenhuma para que ela continuasse comigo, ela é minha melhor amiga, parte da família...

- Engraçado, isso me faz lembrar uma pessoa...

- Quem?

- Nada, esquece...

- Gente, vou comprar algumas coisas para o Mestre ali e já volto! – falou Nick, chamando a atenção dos dois e puxando Ralph em direção ao mercado.

Os dois ficaram de frente a um restaurante, recostados em uma mureta de outra pequena loja daquele lugar. Ainda estavam sem jeito um com o outro, evitando olhares diretos.

- Droga, me sinto horrível de saia! – bravejou.

- Mas você fica bem assim, aliás, muito bem. – disse observando-a.

- Hum, falou o expert em moda. – brincou.

O garoto virou o olhar na direção oposta a ela, disfarçando, mas percebeu que dois Pinchers os observavam e cochichavam um para o outro. “Será que eles descobriram?”. Ele avisou a garota, que começou a observá-los com cautela.

- Talvez estejam só suspeitando, mas é melhor não ariscarmos! – sussurrou ela.

Com passos lentos, foram se aproximando da entrada do restaurante, sendo seguidos pelos dois homens uniformizados. Num ato imprudente, começaram a correr, ainda sendo seguidos. Desviaram o caminho para a rua principal, entrando em um beco, abrindo e adentrando na 1ª porta que viram. Quando perceberam, estavam dentro do restaurante que viram há pouco. Por dentro ele era mais bonito do que por fora, com paredes escuras, em tons vinho. Cada mesa tinha velas acesas sobre elas, além das que existiam nas paredes, e uma grande pista de dança se destacava no local, a qual estava com várias pessoas.


- Olha só pessoal, mais um jovem casal para nos encantar neste show de dança! – dizia um homem no centro do palco, com um microfone nas mãos.

Richard tentou se esconder, tanto pelo que o homem disse quanto por ser ele que sempre apresentava as batalhas do campeonato do Renbow Festival, ficando com medo de ser reconhecido.

- Como? Dançar?! – perguntou ela surpresa.

- Nós não somos um casal! – gritou, mas a música alta fez mais parecer um sussurro – E eu não sei dançar...  – disse acanhado.

- Não sabe?

- Desculpe se eu não sei de tudo... – sussurrou bravo.

- Vem então, eu te ensino. – falou estendendo-lhe a mão, com um belo sorriso.

Ele a olhou desconfiado, ainda preocupado com os Pinchers, mas viu naquele sorriso a animação dela, estendendo a mão receoso. Com um movimento rápido, Ellie pegou em sua mão e o puxou para bem próximo de si, esbarrando por acidente, deixando-o estático e com o rosto vermelho. Ela ficara sem graça com a proximidade, sentindo seu rosto queimar, olhando fundo em seus olhos.

- E então, professora, estou esperando... – dizia ainda sem jeito.

- Ah, claro, claro... – disfarçou, vendo que ele também estava nervoso – Bom, em primeiro lugar, você tem que relaxar.

- E como você quer que eu relaxe se ainda a pouco estávamos fugindo?

- Não se preocupe, eles não vão fazer nada aqui, e isso pode até ajudar a despistá-los. – sorriu – Você tem que soltar o corpo e deixar que a música te leve.

Da forma mais graciosa possível, Ellie começou a dançar, tentando animá-lo, mas este somente observava, um tanto encantado.

- Você dança muito bem, sabia?

- Já tive aulas de dança, e também vi algumas apresentações por aí, então acho que sei um pouquinho... – brincou

- Por aí? Então quer dizer que você já viajou?

- Pode-se dizer que sim, bastante até.

- Olha só, quem diria, então quer dizer que você é rica? Por que, pelo que eu sei, esse tipo de coisa não é muito barata.

- Bem... mais ou menos – respondeu, deixando visível que aquele assunto lhe incomodava – Mas pode acreditar, não é tudo o que parece ou se imagina, e não trocaria isso por nada!

- Hum, isso o que? – perguntou curioso.

- Tudo! Minha liberdade, as novas amizades, como você... – falou sem jeito – Nada do que eu tinha antes pode substituir isso.

Mesmo surpreso com o depoimento, o garoto agora se animava cada vez mais, seguindo-a pela pista, sem se importar com mais ninguém. Eles se esqueceram totalmente dos Pinchers e até dos meninos, só não queriam que aquele momento acabasse.

Richard acabou que por pegar o jeito, empolgando-se, os dois começaram a dançar e girar, rindo a toa, sem olhar para nada e ninguém, embalados com o clima e a batida da música. Enquanto ele a segurava para rodopiar, ela dava passos graciosos, fazendo sua saia girar, encantando a muitos do salão. Porém se esqueceram de que não estavam sozinhos lá, e Richard acabou esbarrando em outro casal, perdendo o equilíbrio e empurrando Ellie. Antes que os dois caíssem no chão, ela segurou-se rodando seus braços em seu corpo, e ele, em contra partida, a puxou pela cintura, firmando o pé no chão. Fora tudo tão rápido que os olhares nem perceberam a quase queda deles, pensando até que era um passo da dança.

Eles pararam estáticos, com os corpos colados e os rostos muito próximos um do outro, ficando corados quase que imediatamente, enquanto se entreolhavam. Ela sentia o rosto queimar pelo fato da proximidade e de como ele a segurava, com o coração batendo rápido em seu peito, enquanto ele ainda estava tão surpreso que não sabia o que pensar. Estava ofegante e sentia seu coração bater forte, mas não sabia dizer se era só o seu ou o dos dois que batiam juntos ao som da música. Sentiu algo estranho, diferente, enquanto olhava fundo nos olhos da menina, cuja cor o hipnotizava. Os dois só saíram do transe quando viram que a música acabara e todos aplaudiam, os fazendo se endireitar, acanhados.

Antes que pudessem sair, viram Nick e Lele na entrada, que aplaudiam rindo.

- O Ralph já foi para casa, está quase escurecendo, sabia? – explicava o menino enquanto eles caminhavam de volta para os arredores da cidade.

- Não acredito que passei o dia inteiro aqui! – bravejou ele.

- Fale o que quiser, mas eu gostei, e muito... – falou baixo, com o rosto virado para o lado oposto ao deles.

Com o princípio de noite, decidiram dormir na casa de Booker e partir na manhã seguinte. Richard estava preocupado com a investida dos Pinchers, pensando também no nos mistérios do livro e o que eles queriam dizer, mas não conseguia tirar os incríveis acontecimentos do dia de sua mente, de como se sentira com Ellie, o que o deixava curioso e espantado ao mesmo tempo, mas também não se continha em poder sentir isso de novo, relembrando que já sentira coisa estranhamente parecida, em épocas passadas há vários anos em sua vida.





Notas da Autora
Capítulo 7 | Capítulo 9

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  1. Diga ae, Zyky! Eu gostei do enredo que o capítulo tomou pelo fato de falar muito sobre o objetivo deles em Oblivia, de forma que seja como um primeiro passo para começar a jornada de verdade. Você transmitiu certinho a ideia do passado e das lendas mencionadas, que por sinal me pareceram fascinantes. Gosto quando se fala de toda a mitologia de um continente, e mesmo uma região tão inóspita quanto Oblivia certamente guarda inúmeros segredos que você pode aproveitar ainda mais. Essa jogada de símbolos é um arraso, já que não conheço nada sobre eles fico aqui imaginando qual seria o significado, e em qual altura do enredo o livro de letras douradas influenciaria nisso. Gosto disso, cheira a mistério! kkkkkkk

    OMG, adoro sua história e o enredo, mas devo admitir que sua melhor habilidade são em cenas românticas! Esse capítulo sempre será para mim o melhor, o mais cativante, é a cena da dança cara, quer algo melhor que isso? A começar pela clássica confusão de namorados né, sempre tem algum infeliz que vê duas pessoas juntas e tem que chama-las de namorados. Poxa, e se forem irmãos ou coisa parecida? kk

    A dança foi fantástica mesmo, pude imaginar a doce Ellie vestida com o vestidinho bordado de cor creme, todas as descrições na medida certa, e com toda certeza para mim essa foi a cena mais cativante do episódio. Devo separá-lo como meu favorito até agora? Li essa cena há tanto tempo, e mesmo assim nunca consegui esquecê-la. Danças bem próximas de forma involuntária também são uma tentação na escrita, não? Você está de parabéns, continue com o progresso em Oblivia, Zyky!

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  2. Fala Canas! Os objetivos tiveram seu foco aqui, mas nunca fique pensando sempre na mesma coisa, pq, de uma hora para outra, as coisas podem mudar... só um aviso só X3 Segredos e lendas é o q não falta nessa região, e aguarde coisas bombásticas (bombásticas msm o_o).
    Vc já tinha me falado isso uma vez, q tenho dom pra romance, mas sério, penso pq vc acha isso. A cena da dança era uma de minhas cenas mais esperadas para escrever dsd o começo da fic, mas escrevi com certa naturalidade, como se as coisas, as ideias, viessem sozinhas a mim, e eu simplesmente as transcrevessem... é, talvez vc tenha razão, deve ser coisa de mulher msm, tem facilidade com essas coisas ^^'

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  3. Finalmente tomando vergonha na cara e vindo tirar o atraso. Agora que você já está se preparando para voltar com tudo, acho que devo estar em dia quando o capítulo novo chegar. Bem, vamos então.

    Quando eu te falei que sua história ainda aguardava o momento certo para pegar o embalo, eu disse que apostava muito no especial entre os pais do Richard. Pela maneira como você fala sobre seus planos para este capítulo, e também pelo "esboço" que você me mostrou, eu aposto bastante nele. Mas este capítulo já nos deu uma noção de sua habilidade com cenas românticas. Eu não entendo muito dessas coisas de romance, mas eu vejo que você gosta de trabalhar com paixões recheadas de irreverência. Seja pela personalidade áspera do Richard, ou pelas investidas ousadas dos pais dele. Realmente espero bastante de você nesse ponto.

    Agora falando um pouco mais do Richard e da Ellie. Uma fuga que termina em dança. Parece até cena de uma comédia romântica, e creio que essa seria uma temática perfeita para trabalhar esses dois, ainda mais pelo choque de personalidades entre eles. Pode vir a ser um dos casais mais interessantes de toda a Aliança, e se você trabalhar com os dois no ponto, prevejo resultados impressionantes.

    O livro e as escrituras mostradas pelo Ralph só aumentam a minha curiosidade. Não joguei os jogos de Oblivia, já disse, então estou aqui como um completo leigo, sem ao menos imaginar o que poderá vir em breve. Acho que essa é a minha vantagem. Tenho mais chances de me surpreender do que quem já conhece a região. E algo me diz que os Pinchers podem ter interesse nessas histórias. Eles estariam ligados com essa lenda, podendo ser os inimigos desses novos tempos?

    Eu vou tentar me colocar em dia com a história o mais rápido possível. Então em breve estarei aqui de novo. Até breve Zyky, a gente se fala!

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  4. Yoo, Shadow \o/

    Pretendo voltar muito em breve, meu colega, e com tudo! o/

    Ah, sim, aguarde muitas - muitas mesmo - surpresas com este projeto, e se eu te contar que nem sabia que tinha essa manha com cenas românticas, vc acredita? Me surpreendi com o resultado desse capítulo, tipo "Cara, não é vdd q sei escrever isso?" '-'

    Sempre bem vindo, colega!
    PS: ainda vou conseguir me manter em dia com AeH e.e

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